Resumo

O turismo no Brasil vem crescendo anualmente e se caracterizando como uma
importante atividade para o desenvolvimento econômico do país. Tendo em vista o potencial dessa atividade e o crescente movimento de turismo de atrativos naturais e experiências, esse trabalho visa analisar a importância da atividade turística para a promoção do desenvolvimento do bairro Alto da Boa Vista- RJ, onde está localizado grande parte do Parque Nacional da Tijuca.

Essa análise se dá através do estudo do dialogo com os moradores de como o turismo ocorre atualmente, destacando seus pontos positivos e negativos sob a ótica das teorias sobre desenvolvimento local e participação da comunidade.

Palavras-chave: Turismo; atrativos naturais ; comunidade.

Abstract

Tourism in Brazil has been growing annually and is characterized as a
important activity for the economic development of the country. In view of the potential of this activity and the growing tourism movement of natural attractions and experiences, this work aims to analyze the importance of tourist activity for promoting the development of the Alto da Boa Vista- RJ neighborhood, where a large part of the National Park is located. from Tijuca.

This analysis takes place through the study of the dialogue with the residents of how tourism currently occurs, highlighting its positive and negative points from the perspective of theories on local development and community participation.

Keywords: community; natural attraction;

Introdução

Apesar da guerra na Ucrânia e das restrições de viagens ainda em vigor devido à Covid-19, o turismo mundial continua sua recuperação, sobretudo na Europa e América, embora sem recuperar o seu nível pré-pandemia.

Os turistas estão cada vez mais saindo de férias no exterior e seu número aumentou 130% em janeiro de 2022 em relação ao mesmo período de 2021, de acordo com os últimos números da Organização Mundial do Turismo (OMT).

Isso representa mais 18 milhões de viajantes internacionais em todo o mundo, ou seja, o equivalente ao aumento total registrado em todo o ano de 2021, segundo esta agência especializada da ONU, com sede em Madri.

Em 2019, a receita global do turismo atingiu US$ 1,48 trilhão, antes de cair quase um terço um ano depois devido à pandemia.

Embora o início do ano confirme a tendência positiva iniciada em 2021, a variante ômicron desacelerou o ímpeto e as viagens internacionais em janeiro de 2022 ainda eram 67% inferiores ao período anterior à pandemia.

A recuperação de passageiros, face aos baixos níveis de 2021, atinge todas as regiões do mundo, mas verifica-se. sobretudo na Europa (três vezes mais) e na América (duas vezes mais).

Segundo a Organização Mundial do Turismo, órgão das Nações Unidas para o turismo, cuja sigla internacional é UNWTO, a atividade turística no mundo foi responsável por promover, no ano de 2012, 1 bilhão de viagens de turismo por todo o mundo, o que significa que em média uma em cada sete pessoas do planeta viajou a turismo neste ano, produzindo divisas e movimentando a economia de diferentes países.

A atividade turística, nos últimos anos tem tido um crescimento sustentável de pelo dessa atividade para o desenvolvimento econômico.

A relação entre turismo e sustentabilidade social é tão forte na visão do órgão mundial dedicado ao primeiro tema que existem dois projetos na OMT que estão ligados a esta interface: o projeto “Protejam as crianças” e o projeto “Turismo e erradicação da pobreza”, ambos diretamente relacionados às metas do milênio.

No Brasil, a cidade do Rio de Janeiro é uma das que mais recebem turistas, além de ser a cidade brasileira mais conhecida no exterior. O Rio recebe principalmente, turistas estrangeiros. A cidade inteira é repleta de monumentos e atrativos turísticos, dentre esses nos últimos ficou evidenciado o fortalecimento do nicho atrativos naturais, pois atualmente as pessoas vem buscando uma vida mais saudável e em contato com a natureza.

O Alto da Boa Vista, abriga uma das maiores florestas urbanas do mundo, não apenas de importância ambiental, como histórica e econômica, através do bairro pode acessar diversos pontos turísticos da cidade, inclusive o Cristo Redentor, um dos mais famosos do mundo. 

Além da natureza, muitas são as construções históricas e mansões famosas, que antes era usada pela elite carioca e hoje para gravações externas da Rede Globo, casa de festas ou abandonadas por falta de verba.

Figura 1 — mapa da região do Alto da Boa Vista
Google Maps

Alto da Boa VIsta

Esse capítulo tem como objetivo descrever o bairro Alto da Boa Vista, considerando os fatores históricos, sociais, geográficos, culturais e demográficos do local. 

As informações contidas aqui foram obtidas, principalmente, através das pesquisas realizadas no bairro, com moradores e lideres comunitários. 

.

Dessa forma, em sua maioria, tratam da descrição e da percepção do morador sobre o local, embora, também tenham sido consultados artigos de jornais, livros e internet.

 História, demografia e outras características

O acesso difícil ao relevo montanhoso do Maciço da Tijuca manteve o local que hoje é o bairro Alto da Boa Vista, praticamente intocado até mesmo para os habitantes originais da região, que eram os índios tupinambás, também conhecidos como tamoios. 

No entanto, apesar do péssimo estado dos caminhos até o Alto da Boa Vista, no século XIX já havia quem organizasse passeios e excursões até lá. Segundo a historiadora Lili Oliveira, em 1810 o Conde Gestas veio da França e comprou um sítio na área onde hoje fica a Floresta da Tijuca, o qual batizou de Boa Vista. Passou a cultivar café, cana-de-açúcar, hortaliças e frutas, além de criar vacas da Normandia e fabricar manteiga e creme fresco.

A imperatriz Leopoldina, primeira esposa de D. Pedro I, costumava cavalgar da Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, ao Sítio Boa Vista, para estudar botânica e cuidar de sua coleção de orquídeas. Outro francês que se encantou com a beleza do lugar foi Nicolas Antoine Taunay, membro da Missão Francesa, que chegou em 1816. O pintor comprou do conde Gestas um terreno, no ano seguinte. Graças à clareira aberta por ele para construir sua residência é que se abriu a vista para a cascatinha, batizada de Cascatinha Taunay, em sua homenagem.

“Aos poucos, formou-se, no Alto da Boa Vista, uma concentração de nobres e comerciantes franceses que se dedicavam principalmente à cultura do café”, relata Lili Oliveira. Em médio prazo, a atividade resultou na devastação da floresta e na consequente ameaça aos mananciais que abasteciam a cidade. Por esse motivo, o governo imperial determinou o reflorestamento da região a partir de 1840, só efetivamente implementado por D. Pedro II a partir de 1861. 

Quem esteve à frente do projeto até 1874 foi o major Manoel Gomes Archer, primeiro administrador da floresta. Na primeira fase da recuperação, contava apenas com seis escravos: Maria, Leopoldo, Eleutério, Constantino, Manuel e Mateus. Numa segunda fase, 22 trabalhadores assalariados foram incorporados à equipe. O Parque Nacional da Tijuca foi criado pelo Decreto nº 50.932, em 6 de julho de 1961.

Figura 2 — Cascatinha thaunay
jornal o globo

O Alto da Boa Vista tem atualmente cerca de 20.000 habitantes, o bairro é conhecido como "Alpes Tijucanos" por registrar as temperaturas mais baixas da cidade do Rio de Janeiro.

Segundo os moradores do bairro apesar de ser um local com grande potencial turistico da cidade do Rio de Janeiro, possui muitos problemas tais como: Falta de saneamento basico, não existe sistema de esgoto e os dejetos são despejados em foças ou nos rios da região. Pessímo serviço de transporte publico, onde uma mesma empresa monipoliza por ano o serviço obrigando moradores e turistas a serem dependentes de um serviço sem qualidade colocando ate mesmo a vida em risco. Fraco comercio na região, não tempos um grande supemercado, bares e restaurantes para receber os turistas, tendo apenas os tradicionais Bares da Pracinha e Restaurante Os Esquilos situado dentro da Floresta da Tijuca. Não existe nenhuma pousada ou hotel na região. 

Figura 3 — Bar da Pracinha
site do local

Principais acessos 

O acesso ao bairro pode se dar pela Avenida Edson Passos, para quem vem da Zona Norte pela Tijuca e Usina; pela Estrada das Canoas e pela Estrada da Gávea Pequena, de quem vem da Zona Sul por São Conrado; pela Estrada do Horto de quem vem também da Zona Sul pelo Jardim Botânico e Horto; pela antiga Estrada de Furnas de quem vem da Barra da Tijuca e do Itanhangá; pela Estrada das Paineiras de quem vem do Cosme Velho e Laranjeiras e também pela Rua Amado Nervo, próximo à Praça Afonso Viseu, para quem vem do Centro, de Santa Teresa ou da Estrada do Sumaré, os moradores costumam dizer que è a região central do Rio de Janeiro, pois pode acessar rapidamente as zonas norte, sul e oeste da cidade. 

O bairro também já possuiu acesso por uma linha de bondes elétricos, para quem vinha da Tijuca ou da Usina. Era tida como a mais bela linha de bondes da capital fluminense, sendo administrada pela Light e posteriormente pela Companhia de Transportes Coletivos do Rio de Janeiro (CTC) e cuja operação se deu entre os anos de 1898 e 1967. 

Figura 4 — Bonde no Alto da Boa Vista
Mobilize Brasil

Clima

No bairro registram-se as menores temperaturas do município do Rio de Janeiro, em todas as épocas do ano. Seu clima ameno, em comparação com o restante do município, deve-se tanto ao fato de estar situado a uma altitude média de trezentos metros acima do nível do mar, quanto ao fato de estar totalmente cercado pela Mata Atlântica.

Figura 5 — Temperaturas Alto da Boa Vista
INMET

Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), desde 1966 a menor temperatura registrada no Alto da Boa Vista foi de 6,7 °C em 28 de junho de 1994 e a maior atingiu 38,5 ºC em três ocasiões: 30 de agosto de 1993, 2 de dezembro de 2002 e 14 de outubro de 2005. O maior acumulado de precipitação em 24 horas atingiu 327,2 milímetros (mm) em 12 de março de 1998.

2.2  Deficiência e segurança 

De acordo com dados das associações de moradores, o Alto da Boa Vista possui cerca de 20.00 habitantes que se dividem, entre mais de 10 comunidades e muitas mansões.

Entretanto, muitos de seus moradores dizem que apesar do grande numero de residências e moradores, o bairro estagnou no século passado, pois tanto os serviços particulares como publico não conseguem atender com qualidade a população. Segundo eles a prefeitura não disponibiliza transportes coletivos de qualidade e com diversidade, não havendo integração do ônibus com metrô, não havendo linhas alimentadoras BRT, linhas de ônibus para a Zona Sul e centro do Rio. O serviço de energia elétrica também não funciona, a rede antiga e sem manutenção faz com que lojas e residências fiquem sem energia com frequência.

Apesar de estar situada entre bairros de grande poder aquisitivo, a renda domiciliar per capita do bairro é de um salário mínimo. O que evidencia uma grande desigualdade social.

Outros problemas que o bairro  possui é a falta de poda das árvores e manutenção preventiva das encostas, que ocasiona diversos acidentes, queda de barreiras e destruição da rede elétrica quando chove.

Apesar de pequenas as comunidades já contam com vendas de drogas e bandidos armados, retirando a paz e segurança que outrora havia.

Por ser um bairro de passagem, costuma- se haver assaltos a carros nas estradas, porém em comparação aos outros bairros do Rio de Janeiro ainda é bem reduzido e seguro, apesar de isolado e deserto.

Tudo isso, é resultado dos diversos anos de abandono pela Prefeitura do Rio, que por ironia tem sua casa oficial localizada na Estrada da Gávea Pequena, no bairro. 

O Alto se destaca por possuir uma grande riqueza cultural e natural. Oriunda das histórias de vida de seus moradores, que tem suas famílias vivendo ali desde o inicio da formação do bairro, da quantidade de artistas que residem e  casam no bairro, da fama por ter as mansões das novelas da Rede Globo do horário nobres gravadas ali, como por exemplo, a Mansão da Maria Clara Dinis, Malu Mader, na novela Celeridade.

O bairro também possui um museu, Museu do Açude e se destaca principalmente por ter no bairro uma das Florestas mais importantes do País e os principais pontos turísticos da cidade do Rio de Janeiro.

Uma letra de funk dos anos 90 mostra bem os pontos turísticos do bairro e o orgulho dos moradores de lá: 

"Aonde você mora não é o pior lugar, mas Alto da Boa Vista é o melhor de se morar" Mc André e Mc Fabinho

Figura 6 — Divulgação de passeio no Alto da Boa Vista em 1897
Almanak Laemmert

Com isso, temos que no Alto da Boa Vista um bairro  que, apesar de todas as dificuldades  de infraestrutura, possui um enorme potencial turístico, seja pela sua localização privilegiada, pela sua vasta riqueza cultural e natural, como pela grande quantidade de atletas que praticam diariamente, ciclismo, corridas e caminhadas em meio à área verde.  .

2.2  criação de economia e turismo no bairro

O Rio de Janeiro é mundialmente conhecido por suas praias, favelas, criminalidade e Pelo Cristo Redentor, mas apesar do ultimo fazer parte do Parque Nacional da Tijuca, PNT, muitos dos que o visitam não conhecem os outros pontos do parque.

Apesar de existir tour privados como a Jeep tour que atua há muitos anos nesse mercado, não muda em nada a economia do bairro, ou geração de empregos para os moradores.

Faz-se necessário que o poder publico e privado trabalhem juntos para aumentar o turismo no local, de maneira consciente e sustentável, para não sobrecarregar o bairro com transito e veículos estacionados ao longo das vias, o que já ocorre atualmente e muitas pessoas se aproveitam disso para cobrar ilegalmente para tomar conta dos carros.

 Nos arredores do parque nacional costuma-se ter guias moradores da região, formados para guiar os visitantes, no Parque Nacional da Tijuca, ocorre no setor Serra da Carioca, nas proximidades do Cosme Velho, porém na Floresta da Tijuca isso não acontece. A atividade de turismo e formação de guias do bairro faria com que moradores pudessem trabalhar no próprio bairro, jovens poderiam ser aprendizes próximo de casa e a história da Floresta e do bairro seria contada pelos nativos da região.

Para quem tem poucos dias na cidade e não alugou carro, é impossível conseguir conhecer todos os setores do PNT, disponibilizar um serviço de tur. motorizado, passando por todos os setores, aumentaria a quantidade de visitantes no Parque como um todo e limitaria a quantidade de transporte particular diário.

Muitas são as mansões, abandonadas e em ruinas, a criação de hotéis, hostel e pousadas no bairro, além de permitir aos turistas se hospedar em meio a Floresta Carioca, contribuirá com a geração de empregos do bairro.

Por ser um bairro turistico é necessário que a prefeitura do Rio, possibilite novas opções de transporte publico e que também modifique o itinerário da única linha que vai para zona sul, no bairro de São Conrado, permitindo que a mesma faça o retorno na Praça Afonso Viseu, possibilitando aos turistas mais uma opção de transporte até a entrada da Floresta.

Ao Longo da Rua Boa Vista, há muitos prédios comercias fechados desde a década de 90, antigos armazéns, padarias, açougues e farmácia. Fazer nessa região um polo gastronômico vai trazer trabalho, renda e mais turistas para a região.

A despoluição dos rios é uma necessidade, muitos turistas sabedores ou não se banham na Cachoeira do Amor, onde é jogado diariamente dejetos das residências e casas de festas por não haver saneamento básico na região.

Conclusão

Após a análise do discurso dos moradores, das visitas a cada parte do bairro, que por sinal eu resido e da revisão da bibliografia concluímos que o tipo de turismo que vem sendo oferecido no Alto da Boa Vista, sofre com o abandono e descaso.

São necessárias mudanças significativas, isso porque o principal produto - o turismo - para ter qualidade depende de outros serviços interligados, como a comercialização de tours, rede hoteleira, pois não possui nenhum meio de hospedagem no bairro, restaurantes e bares e um transporte publico de qualidade.  

Com isso, a bairro com todo potencial turistico cultural e natural, terá espaço para investidores e mercado de trabalho para a população local. 

Para um turismo sociocultural ambiental, os moradores do bairro e comunidades locais passam a enxergar no turismo uma forma de apresentar ao mundo a realidade e a história do bairro e, ao mesmo tempo, contribuir para o desenvolvimento do bairro e preservação da Floresta da Tijuca.

Tendo isso em vista, neste trabalho foi analisado como a atividade turística vem sendo desenvolvida no Alto da Boa Vista, bairro localizado na zona norte do Rio de Janeiro, e como ele contribui para o desenvolvimento local. Ao longo do trabalho vimos que o turismo no ABV é em sua maioria oferecido pelos por agências de viagens ou turistas que optam por conhecer sozinhos, que não se preocupam com a preservação da Floresta e do bairro, não há guias ou monitores locais.

O turismo é explorado na Floresta da Tijuca, Pedra Bonita, Vista Chinesa, Mesa do Imperador, Museu do Açude, Paineiras, Cachoeira do Amor, essa ultima totalmente poluída. É não há infraestrutura para hospedar turistas, profissionais para guiar e preservar a historia do bairro.

O potencial turístico do ABV não é totalmente aproveitado. É necessário que os lideres comunitários, a prefeitura do Rio, a Secretaria de Turismo e o ICMbio em conjunto definam estratégias como as expostas nesse projeto mara melhorar o potencial turistico e econômico do bairro.

Referências

Correia, Paulo Cesar. Disponível em: https://brasilianafotografica.bn.gov.br/?tag=mesa-do-imperador. Acesso em: 23 mai. 2022.

MultiRio. Disponível em: http://www.multirio.rj.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=646:post-ep77-mais-uma-duvida&catid=35&Itemid=385. Acesso em: 23 mai. 2022.

Wikipidia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Alto_da_Boa_Vista_(Rio_de_Janeiro). Acesso em: 23 mai. 2022.

ANEXO A — Conheça a História da Floresta da Tijuca

http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_obrasgerais/drg605826/drg605826.pdf