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Maria CLARA Machado
Gasometria arterial- APOSTILA

UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP

Gasometria arterial- APOSTILA

Maria clara machado

NÁDIA MAURIZ

SARA GONÇALVEZ

Orientador: Profª Juliana Amaral

Coorientador: Prof ª Priscyla Freire

INTRODUÇÃO

A gasometria arterial é um exame de sangue que é coletado a partir de uma artéria, com o objetivo de avaliar os gases presentes no sangue, como o oxigênio o gás carbônico, assim como sua distribuição, do pH  e do equilíbrio acidobásico. Importante lembrar que se o objetivo for apenas medir o pH é possível fazer a gasometria venosa.

Dentre as diversas competências atribuídas ao profissional enfermeiro destaca-se a coleta e a interpretação da gasometria arterial que é definida como a análise dos gases circulantes no sangue das artérias. 


GASOMETRIA Arterial

É um exame indicado em casos de distúrbios respiratórios que impliquem em disfunções nas trocas gasosas, desequilíbrio ácido-básico, e auxilia na avaliação da função renal. De acordo com Sanderson (2012), ainda é possível analisar a oxigenação, o equilíbrio ácido-base e a adequação de ventilação, além de verificar a resposta do paciente à terapia, permitir avaliação diagnóstica e monitorar a progressão ou gravidade do processo da doença já diagnosticada.

Normalmente, a artéria radial é a escolhida para punção do sangue a ser examinado, pela facilidade de manuseio, mas as artérias braquiais e femorais também podem ser utilizadas. 

É um exame invasivo, onde o sangue que será avaliado é retirado através de uma punção arterial, de forma que o dióxido de carbono e o oxigênio sejam medidos antes de entrar nos tecidos corporais.

Portanto, os principais parâmetros que vão definir o resultado da gasometria são: PH, pressão arterial de dióxido de carbono (pCO2), bicarbonato básico (HCO3), pressão arterial de oxigênio (pO2) e saturação arterial de oxigênio (SatO2). 

A gasometria arterial é o exame que analisa a efetividade da troca gasosa pelo pulmão. Ela também analisa o funcionamento do metabolismo por meio das concentrações de oxigênio, do pH e da ventilação do paciente. A  gasometria arterial fornece os valores que permitem analisar os gases sanguíneos e o equilíbrio ácido-base.

Figura 1 — gasometria arterial
gasometria arterialSecad- artmed

valores de referência da gasometria arterial 

Os valores de referência são muito importantes, pois é a partir deles que iremos diagnosticar os distúrbios existentes ou a ausência deles.

PH NORMAL DO SANGUE ARTERIAL

O pH é o que determina o estado do equilíbrio ácido-base do sangue. Seu valor normal é de 7,35 – 7,45. Se ele se encontra normal, diz-se que ele está compensado, indicando ausência de desvios ou sua compensação total. Estando ele fora desses valores, dizemos que o pH está descompensado.

PCO2 (PRESSÃO PARCIAL DE GÁS CARBÔNICO)

O valor do pCO2 fora dos valores 35 – 45 mmHg indica algum distúrbio respiratório. Quando a pCO2 está abaixo de 35 mmHg, o corpo se encontra em alcalose respiratória, onde há eliminação excessiva de CO2, aumentando também o pH. Se a pCO2 estiver acima de 45 mmHg, existe retenção de CO2 no organismo, puxando o pH para baixo, nos mostrando a acidose respiratória. Atenção: Esse é o único parâmetro inverso ao pH, onde sua redução indica alcalose e o aumento acidose, por terem questões fisiologicamente inversas.

HCO3 (BICARBONATO)

excesso de bases disponíveis no sangue, elevando HCO3 acima de 28 mEq/L e juntamente o pH.

Já o HCO3 permite detectar distúrbios metabólicos. Seu valor de referência é 22 – 28 mEq/L. A acidose metabólica ocorre quando o HCO3 está abaixo de 22 mEq/L, reduzindo também o pH e isso nos leva a entender que parte da reserva de bases foi consumida. A alcalose metabólica nos diz que há

BE (EXCESSO DE BASES)

O excesso de bases (BE) é um parâmetro que vem em conjunto com o HCO3 e juntamente com ele irá indicar um distúrbio metabólico. Seu valor normal é de -2 a +2 mEq/L. Se o BE está abaixo de -2 mEq/L, existe uma acidose metabólica. Logo, se estiver acima de +2 mEq/L, está informando uma alcalose metabólica.

PO2 (PRESSÃO PARCIAL DO OXIGÊNIO)

A pO2 dentro do seu valor 80 – 100 mmHg determina uma boa eficácia das trocas de oxigênio entre alvéolos e capilares pulmonares. Se a pO2 se encontrar abaixo de 80 mmHg, há um quadro de hipoxemia. Se por outro lado, estiver acima de 100 mmHg, chamamos de hiperoxemia.

SATO2 (SATURAÇÃO DE OXIGÊNIO)

A saturação de oxigênio (SatO2) representa a quantidade de oxigênio que se liga com a hemoglobina. Seu valor de referência é acima de 95%. Abaixo disso, costumamos dizer que o paciente está dessaturando, o que pode induzir a medidas emergenciais para reversão.

gasometria arteial: acidose e alcalose 

O sistema vascular trabalha como uma solução-tampão, que tenta evitar, a todo custo, grandes alterações do seu pH. O pH do sangue deve se manter na faixa de 7,35 a 7,45. Qualquer alteração nesse valor, acima ou abaixo, gera um distúrbio. 

Sendo assim, esses distúrbios chamados acidose e alcalose são condições anormais do pH sanguíneo, no qual há um excesso de ácidos ou bases no sangue. No geral, qualquer disfunção que cause alguma patologia que afete o metabolismo, como nos rins ou pulmões, pode alterar os níveis normais do pH, causando essas condições.

ACIDOSE

Acidose é o excesso de ácido no sangue, onde o pH fica abaixo do valor normal de 7,35. Pode ser provocada pela redução da eliminação, aumento na produção de ácidos ou pela eliminação aumentada de bases.

ALCALOSE

Alcalose é o contrário, ou seja, é quando o sangue está com excesso de bases, levando o pH acima de 7,45. A alcalose, pode ser causada pela perda exagerada de ácidos, ingestão ou administração venosa de bases, ou ainda hiperventilação, que é a eliminação exacerbada de CO2 pela respiração.

Figura 2 — PH normal, acidose e Alcalose
PH normal, acidose e AlcaloseAndreia Torres, 2020

TIPOS DE ACIDOSES E ALCALOSES 

No entanto, é necessário saber distinguir entre os tipos de alcalose e acidose, que são: respiratória, metabólica e mista.

DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS

Os distúrbios de origem respiratória são decorrentes de alterações primárias na pCO2. E essas alterações são ocasionadas por desordens na ventilação pulmonar. A hiperventilação reduz a pCO2 e a hipoventilação aumenta a pCO2. Dessa maneira, alcalose e acidose respiratórias são alterações da ventilação.

ACIDOSE RESPIRATÓRIA

A acidose respiratória acontece quando o pH é reduzido. Essa redução de pH ocorre devido ao acúmulo de CO2 pelo organismo, que não o elimina adequadamente pela ventilação. Pneumonia, enfisema, asma, inalação de

fumaça, ingestão de drogas, bronquite, alterações no sistema nervoso central e obstrução das vias aéreas são situações que podem provocar a acidose respiratória. Alguns sintomas são dificuldade respiratória, desorientação, coma, fraqueza e pH urinário abaixo de 6,0.

ALCALOSE RESPIRATÓRIA

A alcalose respiratória,  é o contrário da acidose. Ou seja, com a eliminação excessiva de CO2 por meio respiratório, o pH é elevado, causando o distúrbio. Entre as situações que podem causar a alcalose respiratória, estão a febre alta, exercícios físicos excessivos, uso de drogas, cirrose, overdose e doenças pulmonares. Pode apresentar sintomas como: convulsões, inconsciência, tetania e pH urinário acima de 7,0.

DISTÚRBIOS METABÓLICOS

Já os distúrbios metabólicos acontecem quando há alteração nas concentrações de bicarbonato. Isso faz com que haja anormalidades no conteúdo de bases ou ácidos. Este pode ser causado por doenças renais, vômitos ou diarreia intensos, alterações eletrolíticas, ou  ingesta de substâncias ou doenças que afetam o metabolismo, como por exemplo, diabetes.

ACIDOSE METABÓLICA

A acidose metabólica se dá quando o pH do corpo diminui. Isso ocorre devido ao acúmulo de ácidos do metabolismo. Pode ocasionar sintomas como torpor, falta de ar a esforços, hiperventilação, respiração profunda e rápida (kussmaul), inconsciência e urina ácida.

ALCALOSE METABÓLICA

A alcalose metabólica acontece quando há perda de ácidos em excesso. Ou acúmulo de bases. Isso faz com que eleve o pH. Comumente apresenta sintomas como: tetania e respiração difícil, hipertonicidade dos músculos, potássio menos que 4 mEq/L e pH urinário acima de 7,0.

DISTÚRBIOS MISTOS

Ainda pode ocorrer um distúrbio misto, quando o sistema respiratório e metabólico estão envolvidos em uma mesma gasometria. Isso acontece por causa do princípio da compensação, onde devemos ficar atentos à provável resposta compensatória para cada distúrbio. Dessa forma, cada tipo de distúrbio puxa o PH para seu lado, deixando o PH normal. Para decifrar essa disfunção mista, é necessário levar em consideração os outros itens presentes na gasometria.

COMO FAZER A ANáLISE?

Valores de referência para o exame de Gasometria;​

PH: 7,35 a 7,45​

Bircabonato: 22 a 26 mEq/L​

PCO2: 35 a 45 mmHg​

p02: 80 a 100 mmHg

A análise da Gasometria pode ser divididas em etapas e ela determinará se a distúrbios metabólicos no paciente:

  • ​Primeira etapa: determinar se há acidose ou alcalose; pH < que 7,45 há acidose, pH > que 7,45 há alcalose;
  • Segunda etapa: Identificar o distúrbio; o médico precisa analisar o HCO3 componentes metabólicos e a PaCO2 componentes respiratórios, esses fatores podem, ou não, determinar se há distúrbios mistos;
  • Terceira etapa: determinar se há compensação ou descompensação;

 

Figura 3 — interpretação do teste de gasometria
interpretação do teste de gasometria Os autores (2021)

diferença entre gasometria arterial e venosa

SANGUE ARTERIAL

O sangue arterial possui grandes taxas de oxigênio. Este circula entre as artérias e veias pulmonares, obtendo energia química e nutrindo as células. Possui uma coloração em tom de vermelho forte/vivo, devido ao pH mais alto, provocado pela presença elevada de O2.

SANGUE VENOSO

O sangue venoso é mais rico em gás carbônico (CO2) e pobre em oxigênio. Circula pela árvore arterial pulmonar e veias sistêmicas. Ele recebe oxigênio à medida que passa pelos pulmões, se tornando arterial e voltando ao ciclo natural.

Figura 4
Figura 42021

ETAPAS PARA A COLETA DA GASOMETRIA ARTERIAL

Solicitar o material necessário para o procedimento

  •  Seringa de 3ml
  • Agulha 1,2x40 (rosa) 
  • Agulha 0,7x25 (cinza) ou menor
  • Heparina
  • Luva de procedimento
  • Algodão g. Álcool 70%
  • Gase
  • Tampa de borracha para ocluir a agulha
  •  Coxim

Posicionamento do braço do paciente

  • Explicar o procedimento ao paciente;
  •  Estender o braço, com a palma da mão para cima e hiperextender o punho apoiando-o sobre o coxim (para deixar a artéria radial o mais superficial possível);
  •  Identificar a artéria radial: palpar o processo estiloide do rádio e o tendão dos flexores do carpo – sente-se o pulso radial entre essas duas estruturas anatomicas;

Procedimento

  • Reunir material; 
  •  Higienizar as mãos;
  • Realizar desinfecção do frasco de heparina sódica com Clorexidine alcóolico; 
  •  Adaptar a agulha a seringa e aspirar 0,2ml de heparina sódica, lubrificando a seringa em toda sua extensão;
  • Identificar a seringa com nome completo do paciente, número do prontuário e/ou data de nascimento; 
  •  Em seguida, empurrar o êmbolo de volta até o fim, desprezando a heparina e trocar a agulha. Caso utilizar a seringa específica para gasometria (pré-lubrificada com anticoagulante), este procedimento é desnecessário;
  •  Preparar ambiente
  •  Explicar para o cliente e/ ou acompanhante, os riscos e benefícios e objetivos do procedimento; 
  •  Conferir a identificação do paciente, conforme Protocolo de Identificação Segura do Núcleo de Segurança do Paciente; 
  •  Posicionar o paciente em decúbito dorsal, expondo apenas a área de punção, elevar o pulso com um pequeno travesseiro ou coxim e pedir que estenda os dedos para baixo;
  •  Higienizar as mãos e colocar os EPIS adequados;
  •  Realizar o Teste de Allen;
  • Palpar o pulso radial. Em caso de debilidade pensar nos demais locais de punção, em ordem de prioridade: braquial, pedioso e femoral; 
  •  Realizar antissepsia do local da punção com gaze embebido em Clorexidine alcóolico ou álcool 70%; 
  • Posicionar a agulha inclinada a 45° e o bisel para cima. Observar o enchimento espontâneo de sangue na seringa ou realizar aspiração até o volume predeterminado. Para os demais locais a angulação da agulha deve respeitar: 45-60º para braquial, 30-45º para pedioso e 60- 90º para femoral; 
  • Puxar delicadamente o êmbolo;  
  •  Aspirar aproximadamente 1,0 ml de sangue; 
  •  Retirar a agulha comprimindo o local da punção com algodão ou gaze seca por aproximadamente 5 minutos ou até total estancamento de sangue (hemostasia); 
  •  Rolar suavemente a seringa nas mãos, para homogenizar a amostra de sangue;
  •  Identificar a seringa com etiqueta do nome completo do paciente, número do prontuário e/ou data de nascimento; 
  • Encaminhar imediatamente a seringa ao laboratório, de preferência em caixa.

Existem seringas com agulhas acopladas exclusivas para coletas de sangue arterial preparadas com anticoagulante;

Risco de hematoma no local de punção, relacionado a não observação do tempo de compressão ou de distúrbio de coagulação do paciente, orienta-se assegurar completa hemostasia pós-punção;

Dissecção arterial orienta-se não realização de movimentos laterais com a agulha em punção. 




























teste de allen 

É um teste para a verificação da circulação arterial da mão, por meio da análise de perfusão das artérias radial e ulnar. 

Tem como finalidade testar a suficiência da artéria ulnar no suprimento sanguíneo da mão,  avaliar a presença da circulação colateral adequada para a mão e observar a velocidade de retorno da circulação da mão. 

como é feito o teste de allen

Comprimir simultaneamente as duas artérias (radial e ulnar) pedindo ao paciente que feche e abra várias vezes a mão; esta ficará esquemiada e pálida. 

Em seguida com a mão do paciente aberta, retira-se os dedos da artéria ulnar. A coloração rósea deve voltar, indicando boa circulação colateral. 

Repetir o teste no outro braço, caso o resultado seja insatisfatório (maior do que sete segundos);

Figura 5 — teste de allen
teste de allen2021

cuidados de enfermagem na coleta de gasometria

É de responsabilidade do enfermeiro assegurar a pessoa, família, uma assistência de enfermagem livre de danos recorrentes; imperícia, imprudência ou negligência​.   O enfermeiro deve analisar :

  • Gasometria arterial, relacionada a clínica do paciente ​
  • Dar o diagnóstico​
  • Intervenções de enfermagem​


O enfermeiro é responsável pela coleta de sangue, para isso ele deverá ter um conhecimento técnico científico e estar habilitado e seguro do procedimento a ser realizado;

A Gasometria arterial é um método invasivo e infeccioso, é importante que o profissional de saúde tenha o conhecimento da SAE para que haja um cuidado ​de enfermagem com embasamento científico, para que seja realizada uma assistência eficaz.​

​Deve ser feito o teste de Allen na punção, que é uma intervenção de enfermagem, pois evita lesão isquêmica da extremidade, trombose e embolia.

Referências

CoelhoPinto, Jéssica Mayara Alves; Saracini, Kelmi Cristina; Lima, Leo Christyan Alves de; Souza, Laurindo Pereira de; Lima, Marcia Guerino de; Algeri, Ellen Daiane Biavatti de OliveiraGasometria arterial:aplicações e implicações para a enfermagemREPOSITORIO INSTITUCIONAL - FACIMED. São Paulo, 2017. Disponível em: http://repositorio.facimed.edu.br/xmlui/handle/123456789/91. Acesso em: 5 nov. 2021.

Igor Larchert Mota;Rodrigo Santos de QueirozDistúrbios do equilíbrio ácido básico e gasometria arterial: REVISÃO CRÍTICA. REVISTA DIGITAL- BUENOS AIRES, 2010. Disponível em: https://www.efdeportes.com/efd141/equilibrio-acido-basico-e-gasometria-arterial.htm. Acesso em: 7 nov. 2021.

Soler, Virtude Maria; Sampaio, Regiane; Gomes, Maria do Rosário. Gasometria arterialevidências para o cuidado de enfermagem. BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE , BRASIL, 2017. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/bde-23986. Acesso em: 8 nov. 2021.

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