Publicado por:
Joice Silva Pacheco
ANÁLISE DAS VANTAGENS DA MINERAÇÃO A SECO: EFICIÊNCIA, SUSTENTABILIDADE E REDUÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS

Centro de Profissionalização e Educação Técnica

ANÁLISE DAS VANTAGENS DA MINERAÇÃO A SECO EFICIÊNCIA, SUSTENTABILIDADE E REDUÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS

JOICE SILVA PACHECO

Orientador: Adriana Moraes

Coorientador: Marcia Cristiane

Resumo

A atividade de mineração desempenha um papel crucial na extração de recursos minerais, porém, historicamente, está associada a impactos ambientais significativos. A abordagem da mineração a seco surge como uma alternativa visando minimizar esses impactos, promovendo maior eficiência e sustentabilidade. Neste estudo, são analisadas as vantagens da mineração a seco em termos de eficiência operacional, redução do consumo de água e energia, mitigação da geração de resíduos e diminuição da emissão de gases de efeito estufa. A pesquisa envolveu a revisão bibliográfica e a comparação entre a mineração a seco e a mineração tradicional. Os resultados destacam os benefícios ambientais e econômicos da mineração a seco, consolidando-a como uma opção promissora para o setor minerário.

Palavras-chave: Mineração a seco, eficiência operacional, sustentabilidade, impactos ambientais.

Abstract

Mining activity plays a crucial role in the extraction of mineral resources; however, historically, it has been associated with significant environmental impacts. Dry mining approach emerges as an alternative aiming to minimize these impacts, promoting greater efficiency and sustainability. This study analyzes the advantages of dry mining in terms of operational efficiency, reduced water and energy consumption, waste generation mitigation, and decreased greenhouse gas emissions. The research involved a literature review and a comparison between dry mining and traditional mining. The results highlight the environmental and economic benefits of dry mining, positioning it as a promising option for the mining sector.

Keywords: Dry mining, operational efficiency, sustainability, environmental impacts.

Introdução

A mineração desempenha um papel fundamental na economia moderna, fornecendo matérias-primas essenciais para diversos setores, como a indústria, a construção civil e a fabricação de produtos eletrônicos. No entanto, a atividade mineradora também está associada a uma série de impactos ambientais significativos, que podem comprometer os ecossistemas locais, a biodiversidade e a qualidade de vida das comunidades próximas às áreas de mineração (IBRAM, 2016).

Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é abordar a importância da mineração na economia contemporânea, destacando os principais impactos ambientais relacionados a essa atividade. Além disso, será apresentada uma análise dos desafios e das oportunidades para mitigar e reduzir os efeitos negativos da mineração, visando à busca por práticas mais sustentáveis e responsáveis.

O texto será estruturado da seguinte forma: inicialmente, será realizada uma contextualização sobre a importância da mineração como fornecedora de matérias-primas e sua relação com o desenvolvimento econômico. Em seguida, serão explorados os principais impactos ambientais associados à atividade mineradora, incluindo a degradação do solo, a contaminação de recursos hídricos, a emissão de gases de efeito estufa e a perda de biodiversidade.

Posteriormente, será apresentada uma análise dos desafios enfrentados pela indústria mineradora para mitigar os impactos ambientais, destacando a necessidade de adoção de práticas sustentáveis e de tecnologias mais limpas. Serão discutidas as iniciativas de gestão ambiental, como o licenciamento ambiental, a recuperação de áreas degradadas e a busca por soluções inovadoras que minimizem os impactos negativos.

Por fim, serão exploradas as oportunidades para a mineração sustentável, destacando o potencial de aproveitamento de resíduos e rejeitos, a promoção da economia circular e a importância da responsabilidade social corporativa. Será ressaltada a importância da colaboração entre governos, empresas e sociedade civil na busca por um setor minerário mais responsável e alinhado com os princípios de sustentabilidade (IBRAM, 2016).

Ao final do texto, espera-se que seja possível compreender a importância da mineração para a economia, ao mesmo tempo em que se reconhecem os desafios ambientais associados a essa atividade. A análise dos impactos e das oportunidades permitirá refletir sobre estratégias e medidas que visem promover uma mineração mais sustentável e equilibrada, conciliando o desenvolvimento econômico com a preservação do meio ambiente.



O SETOR DE EXPLORAÇÃO MINERAL

Ao longo dos séculos, o progresso da humanidade impulsionou uma crescente exploração de matérias-primas, com especial destaque para os minerais, que desempenham um papel vital na produção de bens duradouros e na criação de oportunidades econômicas para nações em perspectiva. O Brasil, devido à sua formação geológica, abriga uma ampla quantidade e variedade de minerais em seu subsolo, especialmente os minérios de ferro, como a hematita, uma matéria-prima essencial para a produção do aço. A mineração de minério de ferro passa por um processo de concentração após a extração, visando atender às demandas do mercado global e remover os minerais indesejados. A operação de flotação reversa é amplamente utilizada nesse processo de concentração, mas produz um rejeito com baixa concentração de sólidos em massa, que é geralmente armazenado em barragens (SUPPA, 2019).

A mineração é uma atividade que engloba diversas ações relacionadas à pesquisa, descoberta, extração, tratamento e transformação de recursos minerais visando a obter benefícios econômicos e sociais. Devido à sua importância, os regimes de exploração e aproveitamento dos recursos minerais têm sido tratados de forma distinta na legislação brasileira (IBRAM, 2016).

Ao longo da história, a extração de substâncias minerais utilizava técnicas e ferramentas rudimentares, e a geração de rejeitos e seus impactos ambientais eram considerados insignificantes, levando ao descarte direto na natureza. No Brasil, há cerca de 300 anos, a mineração inicialmente focada em ouro e diamante era realizada dessa maneira. A Revolução Industrial impulsionou uma grande demanda por minerais, aumentando a produção e, consequentemente, a geração de rejeitos. Com o crescimento dessa geração, tornou-se necessário removê-los das áreas de produção, frequentemente depositando-os próximos a corpos d'água e exigindo a construção de barragens e diques de contenção (IBRAM, 2016).

A partir da década de 80, a preocupação com os aspectos ambientais e a segurança das barragens aumentou significativamente. Foram adotadas medidas para garantir a estabilidade física e econômica das barragens, observando o potencial de dano ambiental e os mecanismos de transporte de contaminantes (IBRAM, 2016).

A indústria mineradora se diferencia de outros setores produtivos em vários aspectos, sendo a fornecedora de insumos fundamentais para as cadeias produtivas, lidando com particularidades no dimensionamento da geração de resíduos para cada tipo de mineral e enfrentando desafios específicos em relação aos resíduos sólidos gerados. As atividades de mineração trazem alterações significativas à paisagem, como aberturas de cavas, disposição de material estéril (inerte ou não aproveitável) proveniente do decapeamento superficial e a deposição de rejeitos resultantes dos processos de tratamento ou beneficiamento (IBRAM, 2016).

O cenário atual da mineração no Brasil apresenta desafios para as empresas, que buscam adaptar suas instalações de processamento de minério de ferro para prolongar suas atividades de extração e obter novas licenças. A disposição de rejeitos em barragens tem sido considerada uma opção ultrapassada e insustentável, devido aos riscos operacionais e aos impactos ambientais associados a essas estruturas. Como resultado, têm-se estudado e investido em novas técnicas para a gestão dos rejeitos resultantes do processo de beneficiamento de minério de ferro (SUPPA, 2019).

Dentre as alternativas avaliadas, destacam-se o desaguamento dos rejeitos através de espessadores e filtros prensa, visando reduzir o teor de umidade e aumentar a concentração de sólidos antes da disposição final. Além disso, a disposição sob a forma de pasta tem sido considerada uma abordagem promissora, permitindo a formação de depósitos mais compactos e estáveis. Essas técnicas emergentes visam à minimização dos riscos associados às barragens de rejeitos, proporcionando maior segurança operacional e ambiental, bem como uma redução dos impactos negativos ao meio ambiente (SUPPA, 2019).

Embora tenham ocorrido avanços na tecnologia de disposição de rejeitos, ainda há desafios a serem superados, como evitar falhas por falta de aplicação adequada de métodos conhecidos, projetos mal elaborados, supervisão deficiente na construção e negligência de características vitais durante a implementação. O desenvolvimento de técnicas mais seguras e eficientes de disposição de rejeitos continua sendo uma prioridade para a indústria da mineração, visando reduzir os impactos ambientais e melhorar a segurança das estruturas de contenção. É necessário buscar soluções sustentáveis e responsáveis para a gestão dos rejeitos, garantindo a continuidade das operações de mineração e a preservação dos recursos naturais (IBRAM, 2016)

Diante dessas transformações, a indústria da mineração de minério de ferro no Brasil busca cada vez mais adotar práticas sustentáveis e inovadoras para a gestão e disposição dos rejeitos, alinhando-se com as demandas da sociedade e do meio ambiente. O desenvolvimento de técnicas mais eficientes e seguras para a disposição de rejeitos é fundamental para a continuidade das operações de mineração e para a preservação dos recursos naturais, contribuindo para uma indústria mais sustentável e responsável (SUPPA, 2019). 

O PAPEL DA MINERAÇÃO NA ECONOMIA

A indústria mineral desempenha um papel relevante na balança comercial brasileira, contribuindo com superávits consideráveis. Suas exportações representam uma parte significativa das exportações totais do país. Além disso, a indústria mineral gera empregos formais em várias regiões, contribuindo para o crescimento econômico. Diversos minerais têm destaque na produção nacional, com o minério de ferro liderando as exportações. A China é o principal mercado para as exportações minerais brasileiras, seguida por outros países como Reino Unido, Canadá e Emirados Árabes Unidos (LACERDA, 2023).

Apesar dos números favoráveis, há ainda um grande potencial a ser explorado no subsolo brasileiro. Investimentos em pesquisas minerais são essenciais para entender plenamente o potencial mineral do país. A mineração é um setor indispensável para a economia brasileira, fornecendo matéria-prima para diversas indústrias nacionais e desempenhando um papel crucial na recuperação econômica do país. Sua relevância como fomentador da indústria nacional é inegável, e o setor continua a desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento do Brasil (LACERDA, 2023).

Panorama da Produção Mineral no Brasil

No Brasil, mais de 90 minerais são produzidos em escala industrial, conforme informações do IBRAM. Abaixo, é apresentado o quadro 1 com as quantidades predominantes dos principais recursos minerais do país.

Quadro 1 — Principais Quantidades de Recursos Minerais do Brasil (2015)
BENS MINERAISVALORES EM TONELADAS
Agregados Construção Civil673.000.000
Minério de Ferro400.000.000
Bauxita32.000.000
Alumínio Primário962.000
Fosfato6.800.000
Potássio Concentrado460.000
Zinco Concentrado250.000
Cobre219.000
Liga de Nióbio80.000
Níquel contido80.000
Ouro80
Adaptado de IBRAM.

Destaca-se o grande volume de produção de minério de ferro, que é um dos principais produtos exportados pelo Brasil. O alto volume de agregados para construção civil também é notável, impulsionado pelo crescimento do setor de infraestrutura e construção no país.

Além disso, a produção de alumínio primário, bauxita, fosfato, potássio concentrado, zinco concentrado, cobre, liga de nióbio, níquel e ouro demonstra a relevância do Brasil como produtor de diversos minerais essenciais para a indústria e economia global.

Esses números reforçam a importância da indústria mineral para a economia brasileira, gerando divisas através das exportações e contribuindo significativamente para o recolhimento de tributos. A diversificação dos recursos minerais produzidos também mostra o potencial do Brasil para explorar seu subsolo de forma sustentável e estratégica, impulsionando o desenvolvimento econômico do país.

Origem da produção de minério de ferro no Brasil

O gráfico 1 destaca a relevância significativa dos estados de Minas Gerais e Pará na produção de minério de ferro no Brasil. Com 51,6% da produção total, Minas Gerais mantém uma posição de liderança na indústria, sendo um dos principais pilares da economia brasileira. Por outro lado, o Pará, com 32% da produção, também possui uma contribuição substancial para o setor.

Essa concentração da produção em apenas dois estados demonstra a importância dessas regiões na exploração e exportação do minério de ferro, que é um recurso valioso para a indústria siderúrgica nacional e global. Além disso, o setor mineral desempenha um papel crucial na geração de empregos e receitas para o país.

Contudo, é fundamental garantir uma exploração sustentável e responsável dos recursos minerais, levando em consideração os impactos ambientais e sociais associados à atividade de mineração. Dessa forma, o desenvolvimento da indústria extrativa pode coexistir com a preservação do meio ambiente e o bem-estar das comunidades locais.


Gráfico 1 — Comparação da Produção de Minério de Ferro no Brasil: Estado de Minas Gerais vs. Pará
Comparação da Produção de Minério de Ferro no Brasil: Estado de Minas Gerais vs. Pará
Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) (2016).

O papel da indústria extrativa no estado de Minas Gerais

A indústria extrativa de Minas Gerais desempenha um papel estratégico de extrema importância para o Brasil e o estado em questão. Como terceiro maior produtor mundial de minério de ferro, o país destaca-se nesse cenário. Em 2013, a participação da indústria extrativa no Produto Interno Bruto (PIB) do estado de Minas Gerais foi relevante, contribuindo significativamente para a economia regional, conforme evidenciado no Gráfico 2.

Gráfico 2 — Percentual da Indústria Extrativa no Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais em 2013.
Percentual da Indústria Extrativa no Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais em 2013.
Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) (2016).

A expressiva participação de Minas Gerais na produção de minério de ferro é claramente evidenciada por sua liderança no setor, reforçando, assim, sua relevância para a economia do país. Ademais, a contribuição significativa do Pará ressalta a importância da região Norte do Brasil nessa indústria crucial.

O impacto direto dessa indústria na economia de Minas Gerais é substancial, representando cerca de 29% do Valor da Transformação Industrial (VTI) do estado. Esse dado demonstra a influência considerável do setor mineral na geração de empregos, na arrecadação de impostos e no desenvolvimento econômico da região (IBRAM, 2016).

Todavia, é fundamental salientar, como mencionado anteriormente, a importância de garantir a exploração responsável dos recursos minerais, levando em consideração os aspectos ambientais, sociais e econômicos. O equilíbrio entre o crescimento da indústria extrativa e a preservação do meio ambiente e do bem-estar das comunidades locais é uma questão primordial para alcançar um desenvolvimento sustentável em longo prazo.

Exportação e Importação de Minerais do Estado de Minas Gerais

As exportações de bens minerais têm um papel significativo no estado de Minas Gerais e contribuíram para os grandes superávits comerciais alcançados pelo Brasil nos últimos anos. Minas Gerais é responsável por 47% das exportações de minério de ferro e 28% das exportações de bens do setor extrativo em todo o país. Os principais destinos das exportações do minério de ferro brasileiro em 2014 foram a China, com 60%, seguida pela União Europeia com 12% e o Japão com 9%. Outros países consumiram 19% do total exportado (IBRAM, 2016).

 As expectativas para o setor no Brasil são de crescimento, influenciado pela capacidade do país em expandir sua produção, devido ao alto nível de competitividade do minério nacional e ao crescimento econômico da China, que permanece como o principal mercado demandante de minério no mundo, apesar do esperado arrefecimento de sua economia (IBRAM, 2016).

As exportações de bens minerais, especialmente o minério de ferro, são vitais para o estado de Minas Gerais e para o Brasil como um todo, contribuindo para os resultados comerciais do país. Os resultados referentes aos resultados da industria extrativa em Minas Gerais estão evidenciadas no Grafico 3. O mercado global de minério de ferro enfrenta desafios, como a queda nos preços internacionais e a entrada em operação de novas plantas de extração, exigindo que as indústrias sejam competitivas e busquem aumentar sua produtividade para se manterem relevantes.  

Gráfico 3 — Exportações mineiras (EM US$ MILHÕES)
Exportações mineiras (EM US$ MILHÕES)
Adaptado de IBRAM (2016).
Participação do Setor Extrativo no Produto Interno Bruto (PIB) Estadual de Minas Gerais

A indústria extrativa de Minas Gerais desempenha um papel estratégico tanto para o estado como para o Brasil. O país é o terceiro maior produtor de minério de ferro no mundo, e os estados de Minas Gerais e Pará são os principais contribuintes para essa produção, com 71% e 26%, respectivamente. Em Minas Gerais, o setor extrativo representa 29% do Valor da Transformação Industrial (VTI) do estado (IBRAM, 2016).

A participação da indústria extrativa no PIB estadual de Minas Gerais é significativa. No setor de extração de minerais metálicos, a indústria representa 29,2% do PIB estadual. Outros setores industriais também contribuem, como produtos alimentícios com 12,7%, metalurgia com 11,9% e veículos automotores com 9,6% (IBRAM, 2016).

No período de 2002 a 2012, a indústria extrativa mineral registrou um crescimento relevante tanto no Brasil quanto em Minas Gerais em termos de participação no PIB industrial. O gráfico 4 revela que o setor mais do que duplicou sua participação no PIB industrial durante esse período. Esse aumento pode ser explicado pela forte demanda da economia chinesa, que impulsionou a produção física e os preços das commodities minerais (IBRAM, 2016).

Gráfico 4 — Participação percentual da extração mineral sobre o PIB da indústria – 2002 a 2012
Participação percentual da extração mineral sobre o PIB da indústria – 2002 a 2012
Adaptado de IBRAM.

A indústria extrativa de Minas Gerais desempenha, portanto, um papel crucial na economia estadual e nacional, especialmente devido à sua contribuição significativa para a produção de minério de ferro, que é um recurso importante no mercado mundial (IBRAM, 2016).

Estrutura Produtiva e Significado do Setor para o Impulso da economia de Minas Gerais

O setor de mineração desempenha um papel crucial na economia de Minas Gerais, gerando empregos e impostos nos municípios onde a atividade ocorre. Além disso, sua extensa cadeia produtiva afeta diversos outros setores econômicos, como a fabricação de máquinas e equipamentos, transporte, fabricação de produtos de metal e combustíveis, que atuam como importantes fornecedores para a mineração. A atividade de mineração é responsável por uma parte significativa das exportações de Minas Gerais, contribuindo com 42% do total de exportações do estado. Essa atividade é a principal geradora de divisas para o estado, impulsionando a economia mineira (IBRAM, 2016).  O quadro 2 evidencia os setores que mais impulsionam a economia do estado de Minas Gerais.

Quadro 2 — Principais setores impulsionadores da economia mineira (em pontos)
SETOREMPREGO (%)MASSA (%)ICMS (%)EXPORTAÇÃO (%)MULTIPLICADOR (%) 
Extração de minério de ferro47,8110027,8910077,68 
Siderurgia41,7594,9215,8712,7789,37 
Peças e acessórios para veículos72,7983,2113,554,2386,32 
Automóveis, camionetas e utilitários25,6273,3510,488,1588,12 
Combustíveis2,1810,821000,1884,28 
Refino de açúcar35,2443,891,097,65100 
Vestuário e Acessórios10047,551,990,0375,8 
Produtos alimentícios59,3735,815,470,37100 
Laticínios39,2731,895,20,13100 
Fabricação de produtos de carne47,1928,882,324,31100
 
Adaptado de IBRAM (2016).

Os valores estão expressos em percentuais (%) e representam o impacto de cada setor nas respectivas áreas: emprego, massa salarial, arrecadação de ICMS, exportações e o multiplicador setorial. O multiplicador indica o efeito de multiplicação que cada setor possui sobre a economia, refletindo a sua importância na geração de valor para a economia do estado de Minas Gerais.

A estrutura produtiva de Minas Gerais inclui uma ampla variedade de setores econômicos, mas destaca-se de maneira significativa o setor de mineração. Esse setor possui um papel crucial no impulso da economia do estado, gerando impactos econômicos e sociais importantes. A estrutura produtiva da Mineração está evidenciada na Figura 1.

Figura 1 — Estrutura Produtiva da mineração
Estrutura Produtiva da mineração
Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) (2016).

Analisando dados de 2014, o setor de extração de minério de ferro se destaca como o mais dinamizador da economia de Minas Gerais, especialmente em termos de exportação e massa salarial. A relevância do setor é inegável, mostrando sua importância para o estado e para o Brasil como um todo (IBRAM, 2016).

O setor de mineração e, em especial, a extração de minério de ferro, desempenham um papel crucial na economia de Minas Gerais, sustentando empregos, gerando receitas fiscais e impulsionando outros setores industriais e de serviços no estado. Sua contribuição é fundamental para a prosperidade econômica e o desenvolvimento sustentável da região (IBRAM, 2016).

Quantidade de Empresas e Trabalhadores no Setor de Mineração

Em 2014, Minas Gerais contava com 1.957 empresas, enquanto o Brasil possuía 8.431 empresas atuantes no setor extrativo mineral. O número de empresas nesse setor apresentou um leve crescimento entre 2012 e 2014, tanto em Minas Gerais como em todo o país. Em 2014, as empresas de mineração em Minas Gerais representaram 23% do total do setor no Brasil (IBRAM, 2016). O Quadro 3 apresenta o quantitativo de empresas do setor.

Quadro 3 — Quantidade de companhias de mineração e proporção percentual em relação ao total de empresas industriais (2012 a 2014)
ANOEMPRESAS EM MINAS GERAISPART. % INDÚSTRIA GERAL MGEMPRESAS NO BRASILPART. % INDÚSTRIA GERAL BRASIL
20121.8952,5%8.2131,5%
20131.9292,4%8.3141,4%
20141.9572,4%8.4311,4%
Adaptado de IBRAM (2016).

Os valores estão expressos em números absolutos para o total de empresas em Minas Gerais e no Brasil, bem como em percentagens em relação ao total de empresas da indústria geral em cada região no respectivo ano.

Apesar desse pequeno aumento no número de empresas, houve uma queda no número de empregos entre 2013 e 2014, tanto no Brasil quanto em Minas Gerais. Em Minas Gerais, o emprego na indústria extrativa mineral diminuiu de 65,4 mil para 64,3 mil postos, correspondendo a 4,4% do total de empregos no setor industrial do estado (IBRAM, 2016).

No Brasil, o número de empregos passou de 223,7 mil em 2013 para 223,9 mil postos em 2014. Os empregos na indústria extrativa mineral de Minas Gerais representam 29% do total de empregos nesse setor em todo o país (IBRAM, 2016). O gráfico 5 representa a evolução quantitativa dos postos de trabalho gerados no Brasil e em Minas Gerais pelo setor de extração mineral.

Gráfico 5 — Empregos na indústria extrativa mineral no Brasil e em MG
Empregos na indústria extrativa mineral no Brasil e em MG
Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) (2016).
Importância da Mineração para os Municípios de Minas Gerais

Minas Gerais é reconhecido como o estado mais importante no cenário da mineração no Brasil, contribuindo significativamente para a produção nacional de minerais metálicos, abarcando cerca de 53% da produção do país, e outros tipos de minério, representando aproximadamente 29% do total (IBRAM, 2016).

A atividade mineradora está amplamente disseminada em mais de 400 municípios mineiros, com mais de 300 minas em operação. Além disso, sete dos dez maiores municípios mineradores do Brasil estão localizados em Minas Gerais, sendo que Itabira destaca-se como o maior município minerador do país. O estado detém 40 das 100 maiores minas brasileiras, das quais 67% são classificadas como minas classe A, ou seja, com uma produção superior a 3 milhões de toneladas por ano (IBRAM, 2016).

A relevância da mineração para a economia do estado também é evidenciada pela arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). Minas Gerais ocupa o primeiro lugar em arrecadação desse imposto, representando cerca de 47% do valor total arrecadado no Brasil. Em 2014, a arrecadação da CFEM em Minas Gerais alcançou aproximadamente R$ 800 milhões, enquanto em todo o Brasil, foi de cerca de R$ 1,8 bilhão (IBRAM, 2016).

Essa arrecadação é de extrema importância para os municípios onde a atividade mineradora é predominante. Por exemplo, em Itabira, a receita obtida com a CFEM em 2014 representou quase 20% da arrecadação líquida total do município. Além disso, a CFEM foi responsável por uma parcela significativa da arrecadação municipal em municípios como Mariana, Nova Lima e Congonhas, superando em alguns casos até mesmo a receita municipal proveniente de outros impostos e tributos (IBRAM, 2016).

Esses exemplos ilustram a forte dependência dos principais municípios mineradores de Minas Gerais em relação à atividade minerária para garantir melhores condições de vida e bem-estar para suas populações. Em suma, a mineração desempenha um papel vital na dinamização da economia de Minas Gerais e na sustentação financeira dos municípios onde a atividade é preponderante (IBRAM, 2016). 

Contribuição Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) em Minas Gerais

A Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) foi instituída pela Lei nº 7.990/89 e corresponde a até 3% do valor do faturamento líquido das vendas do produto mineral, após o processo de beneficiamento e antes de sua transformação industrial. A Lei nº 8.001/90 definiu o faturamento líquido como o total das receitas de vendas, excluindo os tributos sobre a comercialização do produto mineral, despesas de transporte e seguros. Além disso, estabeleceu diferentes percentuais para a CFEM de acordo com as classes de substâncias minerais exploradas (IBRAM, 2016).

Conforme o IBRAM: 

“o percentual da compensação, de acordo com as classes de substâncias

minerais, será de:

I minério de alumínio, manganês, sal-gema e potássio: 3% (três por cento);

II ferro, fertilizante, carvão e demais substâncias minerais: 2% (dois por cento), ressalvado o disposto no

inciso IV deste artigo;

III pedras preciosas, pedras coradas lapidáveis, carbonados e metais nobres: 0,2% (dois décimos por cento);

IV ouro: 1% (um por cento), quando extraído por empresas mineradoras e 0,2% (dois décimos por cento)

nas demais hipóteses de extração”.

Determinou, ainda (§ 2º) que a distribuição da compensação financeira “será feita da seguinte forma:

I 23% (vinte e três por cento) para os Estados e o Distrito Federal;

II 65% (sessenta e cinco por cento) para os Municípios; e

III 12% (doze por cento) para a União”.

O Decreto nº 1/91 regulamentou o pagamento da CFEM e estabeleceu procedimentos detalhados, mas devido a algumas imprecisões de redação, gerou divergências de interpretação e ocasionou ações administrativas e judiciais. De acordo com a legislação, os recursos arrecadados pela CFEM não podem ser utilizados para pagamento de dívidas ou quadro permanente de pessoal. Portanto, os municípios têm liberdade para determinar a destinação dos recursos provenientes da CFEM, desde que observem as restrições legais impostas (IBRAM, 2016).

A Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) tem uma relevância significativa para os 10 maiores municípios arrecadadores em Minas Gerais, uma vez que grande parte da atividade mineradora do estado está concentrada nesses locais. Esses municípios dependem da exploração mineral para obter recursos financeiros que contribuem para o desenvolvimento local. O gráfico evidencia o CFEM dos dez maiores arrecadadores de Minas Gerais. O gráfico 6 apresenta a arrecadação dos dez principais municípios arrecadadores.

Gráfico 6 — CFEM MG – 10 maiores municípios arrecadadores
CFEM MG – 10 maiores municípios arrecadadores
Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) (2016).

Esses exemplos demonstram a forte dependência dos maiores municípios mineradores de Minas Gerais em relação à atividade minerária desenvolvida em suas regiões. A CFEM representa uma fonte estratégica de recursos financeiros para essas localidades, permitindo melhorias nas condições de vida e bem-estar da população.

Os Indicadores Socioeconômicos das regiões mineradoras

A análise dos indicadores socioeconômicos das regiões produtoras de minério de ferro e ouro em Minas Gerais revela um panorama complexo e impactante para o desenvolvimento dessas localidades. Ao longo do período entre 1991 e 2010, é possível observar uma evolução alinhada do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) nessas regiões, principalmente no que se refere à educação e à longevidade da população (IBRAM, 2016).

Os gráficos 7 e 8 apresentados revelam um crescimento gradual do IDHM total nas áreas mineradoras de ferro e ouro, embora esses índices ainda se mantenham abaixo das médias do Brasil e do estado de Minas Gerais. Isso aponta para a necessidade de aprimorar políticas públicas que abordem questões específicas relacionadas à renda e outras dimensões socioeconômicas para essas regiões. Um aspecto positivo é a melhoria na distribuição de renda nessas áreas ao longo do período analisado, evidenciada pela redução expressiva do Índice de Gini. Essa redução indica uma maior equidade na distribuição dos recursos gerados pela atividade econômica da mineração, o que pode estar relacionado a políticas de responsabilidade social e ao impacto positivo da atividade mineradora sobre a economia local.

Gráfico 7 — IDHM renda, educação, longevidade – Brasil, Minas Gerais e regiões produtoras de minério de ferro e ouro – 1991, 2000 e 2010
IDHM renda, educação, longevidade – Brasil, Minas Gerais e regiões produtoras de minério de ferro e ouro – 1991, 2000 e 2010
Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) (2016).

É importante também que a legislação e a fiscalização relacionadas à aplicação dos recursos sejam aprimoradas, a fim de garantir que os benefícios da atividade mineradora sejam realmente direcionados para o desenvolvimento socioeconômico das comunidades locais.

Gráfico 8 — IDHM total – Brasil, Minas Gerais e regiões produtoras de minério de ferro e ouro – 1991, 2000 E 2010
IDHM total – Brasil, Minas Gerais e regiões produtoras de minério de ferro e ouro – 1991, 2000 E 2010
Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) (2016).

Em suma, a mineração desempenha um papel relevante na economia de Minas Gerais, sendo responsável por uma parcela significativa da produção de minerais metálicos e outros tipos de minério no país. Essa atividade impacta diretamente a vida das populações locais, gerando empregos e arrecadação de impostos para os municípios. No entanto, é fundamental adotar uma abordagem responsável e estratégica para garantir que os benefícios da mineração sejam aproveitados de forma sustentável e equitativa, visando o desenvolvimento econômico e social das regiões produtoras em longo prazo (IBRAM, 2016).

Compensação Ambiental realizada pelo Setor de Mineração em Minas Gerais

A compensação ambiental é um importante instrumento de política pública que busca mitigar os impactos ambientais decorrentes de empreendimentos, incorporando os custos sociais e ambientais da degradação gerada por esses projetos em seus custos globais. A legislação brasileira, por meio da Lei nº 9.985/2000, instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e estabeleceu a obrigatoriedade de apoio à implantação e manutenção de unidades de conservação do grupo de proteção integral para empreendimentos de significativo impacto ambiental, conforme identificado no processo de licenciamento e com base no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e no Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) (IBRAM, 2016).

No contexto do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão responsável pela gestão das Unidades de Conservação federais no Brasil, a responsabilidade pela execução dos recursos de compensação ambiental, advindos de processos de licenciamento em âmbito federal, estadual ou municipal, está relacionada à sua destinação e aplicação adequadas (IBRAM, 2016).

Após ser estabelecido o valor da compensação ambiental para um determinado empreendimento e definida a sua destinação pelo órgão licenciador, o empreendedor é notificado a firmar um termo de compromisso com o Instituto Chico Mendes para garantir o cumprimento dessa condicionante. Esse procedimento foi devidamente regulamentado por meio da Instrução Normativa nº 20/2011 do ICMBio, proporcionando maior transparência e efetividade no processo (IBRAM, 2016).

No período de 2010 a 2015, o setor de mineração efetuou pagamentos significativos como parte da compensação ambiental de seus empreendimentos. A seguir, apresenta-se o quadro 4 com informações sobre esses pagamentos como base de uma amostragem:

Quadro 4 — Valores de compensação ambiental pagos por empresas de mineração em MG (2010 a 2015)
EMPRESAVALORES PAGOS
CarpathianR$ 1.337.000,29
LunardiR$ 11.974,23
Nacional de GrafiteR$ 69.733,26
Mineração UsiminasR$ 2.161.751,35
ValeR$ 48.289.239,08
Cimentos LizR$ 51.689,40
GerdauR$ 74.357,22
AMG MineraçãoR$ 125.161,48
FerrousR$ 11.846.586,04
MineritaR$ 115.799,90
Anglo AmericanR$ 13.683.046,23
TotalR$ 77.766.338,48
Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) (2016).

Esses recursos de compensação ambiental têm um papel fundamental na proteção e preservação das unidades de conservação e no financiamento de projetos e ações que promovam a conservação da biodiversidade, restauração de ecossistemas, controle de espécies invasoras, pesquisas científicas, educação ambiental e o desenvolvimento sustentável das comunidades do entorno (IBRAM, 2016).

A compensação ambiental é uma ferramenta essencial para garantir que empreendimentos com significativos impactos ambientais assumam responsabilidades com a conservação e recuperação do meio ambiente, contribuindo para a sustentabilidade e equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a proteção dos recursos naturais (IBRAM, 2016). O uso adequado desses recursos é crucial para assegurar a preservação da biodiversidade e o bem-estar das futuras gerações. Portanto, a aplicação transparente e eficiente desses recursos é de extrema importância para alcançar resultados positivos na conservação ambiental em todo o país.


DESAFIOS ATUAIS DA MINERAÇÃO

A mineração possui um papel fundamental na economia contemporânea, fornecendo matérias-primas essenciais para diversos setores industriais, como a produção de metais, minerais, combustíveis e materiais de construção (IBRAM, 2016). No entanto, apesar dos benefícios econômicos associados à mineração, essa atividade também está relacionada a uma série de consequências ambientais que necessitam ser abordadas e mitigadas.

Um dos principais desafios enfrentados pela indústria mineradora é a gestão adequada dos resíduos gerados durante o processo de extração e beneficiamento dos minérios. Esses resíduos, muitas vezes chamados de rejeitos, podem conter substâncias tóxicas, metais pesados e outros contaminantes que representam riscos significativos para os ecossistemas terrestres e aquáticos (IBRAM, 2016). Os desastres envolvendo rompimento de barragens de rejeitos, como os casos ocorridos em Mariana e Brumadinho no Brasil, ilustram os graves impactos ambientais e sociais que podem ocorrer quando as práticas de gerenciamento de rejeitos são inadequadas.

Além disso, a mineração pode resultar na degradação do solo e na perda de biodiversidade em áreas de extração. A remoção da vegetação e a escavação do solo afetam diretamente os habitats naturais, resultando na perda de espécies e na fragmentação dos ecossistemas. A contaminação dos recursos hídricos também é uma preocupação significativa, uma vez que os produtos químicos utilizados na mineração podem infiltrar-se nos aquíferos subterrâneos e corpos d'água, afetando a qualidade da água potável e a saúde dos ecossistemas aquáticos (MINERAÇÃO & SUSTENTABILIDADE, 2021).

Além dos impactos ambientais, a mineração também pode ter consequências socioeconômicas negativas. Comunidades locais frequentemente são deslocadas de suas terras ancestrais para dar lugar às operações mineradoras, resultando na perda de moradias, meios de subsistência e identidade cultural. Além disso, a dependência econômica excessiva da mineração pode levar à falta de diversificação econômica e à vulnerabilidade às flutuações nos preços das commodities.

Diante desses desafios, é crucial adotar práticas de mineração mais sustentáveis e responsáveis. Isso envolve promover a redução do consumo de recursos naturais, aumentar a eficiência energética e desenvolver tecnologias mais limpas. Além disso, é importante investir em pesquisa e desenvolvimento para encontrar soluções inovadoras que possam melhorar a recuperação de materiais valiosos e reduzir a geração de resíduos (IBRAM, 2016).

A implementação de boas práticas de gestão ambiental, como a obtenção de licenciamento ambiental rigoroso, a implementação de programas de recuperação de áreas degradadas e o estabelecimento de diálogo com as comunidades afetadas, são medidas fundamentais para minimizar os impactos negativos da mineração. Além disso, é essencial incentivar a responsabilidade social corporativa, encorajando as empresas a assumir compromissos com a sustentabilidade e a contribuir para o desenvolvimento local das regiões em que operam.

A transição para uma mineração mais sustentável requer uma abordagem integrada que envolva governos, empresas, sociedade civil e comunidades locais. É fundamental promover o diálogo e a colaboração entre esses atores para desenvolver políticas e práticas que considerem os aspectos econômicos, ambientais e sociais da mineração. A busca por soluções inovadoras e a promoção da educação ambiental também são essenciais nesse processo de transformação (MINÉRIOS & MINERALES, 2019).

Em resumo, a mineração desempenha um papel vital na economia global, mas seus impactos ambientais e sociais exigem uma abordagem mais sustentável e responsável. A busca por práticas de mineração mais eficientes, a redução da geração de resíduos, o manejo adequado dos rejeitos e a promoção do desenvolvimento sustentável das comunidades locais são alguns dos caminhos a serem seguidos para alcançar uma mineração mais equilibrada e em harmonia com o meio ambiente. A conscientização, o diálogo e a colaboração entre os diversos setores da sociedade são fundamentais para enfrentar esse desafio e buscar soluções que garantam a preservação dos recursos naturais para as futuras gerações (IBRAM, 2016).

Diante dessa situação, as empresas têm buscado uma abordagem mais sustentável para o processamento de certos minérios, especialmente aqueles com alto teor de ferro. O processamento a seco ( ou umidade natural) surge como uma alternativa diante do elevado consumo de água nas operações envolvidas no tratamento convencional de minérios (SUPPA, 2019).

Mineração a seco: Conceitos e Fundamentos

A mineração a seco tem surgido como uma abordagem alternativa e mais sustentável para o processamento de minérios, buscando reduzir o consumo de água e os impactos ambientais associados à atividade mineradora. Essa prática tem sido adotada principalmente em resposta aos desastres ocorridos nas barragens de Mariana e Brumadinho, que evidenciaram a necessidade de encontrar alternativas para a mineração no Brasil. O método não gera rejeitos e, consequentemente, não requer a construção de barragens de contenção (CAVALLINI, 2019).

O processamento utilizando a umidade natural é uma opção viável diante do elevado consumo de água nas operações convencionais de tratamento de minérios. Esse método permite aproveitar a própria umidade presente no minério bruto, dispensando a necessidade de adição de água em grandes quantidades nos processos de concentração comuns, como flotação, concentração magnética e gravimétrica. Essa abordagem pode ser aplicada em diversas categorias de minerais, como minerais metálicos/ferrosos (por exemplo, minério de ferro de alto teor/hematita, manganês), minerais não metálicos (como rochas industriais, rochas ornamentais e agrominerais), gemas e energéticos (como carvão mineral). Em geral, as etapas envolvidas nesse processo para minérios de ferro incluem britagem, eventualmente moagem a seco, e separação de tamanho por peneiramento. O objetivo é obter produtos com faixas granulométricas definidas ou eliminar minerais sem valor agregado que predominam em alguma fração granulométrica, geralmente descartados na forma de pilhas (SUPPA, 2019).

No entanto, a adoção da mineração a seco não é isenta de desafios. Um dos principais obstáculos é o custo mais elevado em comparação ao processamento convencional, que utiliza água. Isso ocorre devido à necessidade de procedimentos adicionais, como britagem e moagem do minério, que demandam mais tempo e energia elétrica. Apesar disso, a Vale pretende aumentar progressivamente a porcentagem de minas com beneficiamento a seco, considerando as características específicas de cada depósito mineral (CAVALLINI, 2019).

A mineração a seco oferece uma série de vantagens e benefícios ambientais significativos. Em primeiro lugar, a redução ou eliminação do consumo de água é um dos principais aspectos positivos desse método, contribuindo para a preservação dos recursos hídricos, especialmente em regiões onde a escassez de água é uma preocupação. Além disso, o processamento a seco também reduz a necessidade de construção e manutenção de barragens de rejeitos, minimizando os riscos de acidentes e os impactos ambientais associados (CAVALLINI, 2019).

Outro benefício importante da mineração a seco é a redução da contaminação do solo e da água. Ao evitar o uso de água no processamento do minério, são evitadas as possíveis contaminações por substâncias químicas utilizadas nesse processo. Isso contribui para a preservação dos ecossistemas locais e a proteção da biodiversidade (CAVALLINI, 2019).

Embora o processamento a seco apresente desafios em termos de custos e exigências operacionais adicionais, é fundamental para garantir práticas mais sustentáveis na indústria mineradora (CAVALLINI, 2019). A busca por soluções inovadoras, o investimento em tecnologias mais eficientes e a colaboração entre as empresas, governos e sociedade civil são essenciais para promover a transição para uma mineração mais sustentável.

Em suma, a mineração a seco oferece uma abordagem mais sustentável para o processamento de minérios, buscando reduzir o consumo de água, minimizar a geração de rejeitos e mitigar os impactos ambientais (CAVALLINI, 2019). Apesar dos desafios, é uma alternativa promissora para tornar a indústria mineradora mais responsável e alinhada aos princípios de sustentabilidade, preservando os recursos naturais para as gerações futuras.

Eficiência Operacional na Mineração a Seco

A mineração sem uso de água tem sido extensivamente pesquisada como uma opção para aprimorar a eficiência da extração mineral em contraste com os métodos convencionais que demandam grande quantidade de água. Essa abordagem busca otimizar o procedimento de extração e processamento de minérios, resultando em vantagens significativas em relação à produtividade e diminuição dos custos operacionais (NASCIMENTO et al., 2020)

Casos de estudo têm revelado melhorias significativas na eficiência operacional através da utilização da mineração a seco. Em primeiro lugar, ao eliminar o uso de água no processo, reduz-se a necessidade de bombear, transportar e armazenar grandes volumes de água, o que resulta em economia de energia e redução de custos associados. Além disso, a ausência de água elimina os riscos de vazamentos, infiltrações e contaminação dos recursos hídricos, diminuindo a necessidade de medidas de mitigação ambiental e assegurando a conformidade com as regulamentações (SILVA; SOUZA, 2015)

Em relação à produtividade, a mineração a seco tem apresentado resultados favoráveis. Aprimoramentos nos processos de extração e beneficiamento resultam em um aumento da eficiência operacional, com redução nos tempos de ciclo e aumento da capacidade de produção (NASCIMENTO et al., 2020). A menor dependência de recursos hídricos também permite a realização de operações em regiões com restrições de água, expandindo as oportunidades de expansão e acesso a novas reservas minerais.

No que se refere à viabilidade econômica, a mineração a seco apresenta desafios, especialmente em relação aos investimentos iniciais necessários para aquisição de tecnologias e equipamentos adequados. No entanto, pesquisas indicam que, a longo prazo, os benefícios operacionais, ambientais e sociais podem compensar esses custos adicionais. Além disso, fatores como a disponibilidade e custo da água, restrições regulatórias e demandas de sustentabilidade têm impulsionado a adoção da mineração a seco como uma alternativa viável e economicamente vantajosa (SUPPA, 2019).

A mineração a seco tem sido reconhecida como uma solução promissora para aprimorar a eficiência operacional na extração mineral. Estudos de casos têm evidenciado melhorias significativas em produtividade, redução de custos operacionais e qualidade do produto final. Embora existam desafios econômicos relacionados à sua implementação, o aumento da conscientização sobre sustentabilidade e a demanda por práticas mais eficientes têm impulsionado o progresso e a viabilidade da mineração a seco (SUPPA, 2019; NASCIMENTO et al., 2020; SILVA; SOUZA, 2015) .

No processo de beneficiamento convencional a úmido, há um alto consumo de água nas etapas de classificação e purificação, o que resulta na necessidade de armazenamento em barragens de rejeitos. Por outro lado, na mineração a seco, o processo é realizado sem o uso de recursos hídricos, tornando-se uma alternativa mais sustentável (SILVA; SOUZA, 2015). O quadro 5 evidencia os principais processos da mineração a seco.

Quadro 5 — Os principais processos relacionados à mineração a seco
ETAPADESCRIÇÃO
LavraInício das atividades de exploração da mina, podendo ser a céu aberto ou subterrânea.
ExtraçãoUtilização de maquinário de mineração, como escavadeiras e caminhões off-road, para extrair o minério da mina.
PeneiramentoProcesso de classificação do minério de acordo com sua granulometria, sem o uso de água, para separar o material em mais grosso e mais fino, direcionando cada formato ao mercado.
BritagemRedução do tamanho das partículas de minério através de equipamentos como britadores, para facilitar a separação e a próxima etapa do beneficiamento.
SeparaçãoUtilização de técnicas físicas ou magnéticas para separar o minério de materiais indesejados, como impurezas e minerais de baixo teor.
SecagemRemoção da umidade do minério para facilitar o transporte e armazenamento.
EstocagemArmazenamento do minério beneficiado para posterior comercialização.
ExpediçãoEtapa final do beneficiamento, onde o minério é carregado em trens, caminhões ou navios para ser enviado ao destino final.
Adaptado Nascimento et al. (2020).

Ao adotar a mineração a seco, há uma série de benefícios em termos de produtividade, como a maior economia de recursos, menor consumo de energia, redução no número de etapas de produção, menor necessidade de equipamentos e uma operação mais simples e segura. Com a ausência da adição de água e o término das etapas de britagem e peneiramento, o minério está pronto para ser transportado e comercializado (SILVA; SOUZA, 2015; NASCIMENTO et al., 2020).

Essas conclusões sugerem que a mineração a seco é uma abordagem promissora, oferecendo vantagens significativas em comparação com o beneficiamento convencional a úmido. Além de contribuir para a sustentabilidade ambiental, a mineração a seco proporciona ganhos econômicos por meio da otimização dos recursos, eficiência energética e simplificação das operações (SILVA; SOUZA, 2015; NASCIMENTO et al., 2020).

Desafios e Limitações da Mineração a Seco

Possivelmente, um dos aspectos mais críticos na concepção de uma instalação ou circuito de beneficiamento utilizando a umidade natural está relacionado ao manuseio e fluxo de materiais. São evidentes os efeitos da variação nos teores de umidade, tanto nas etapas do processo, como no peneiramento (obstrução de telas, aderência de partículas finas, redução da capacidade, etc.), quanto no fluxo dos materiais (obstruções, bloqueios, redução da velocidade, formação de áreas inativas, etc.) e na geração de poeira (SILVA; SOUZA, 2015).

A definição dos limites de umidade para cada etapa do processo, assim como o projeto das instalações (ângulos de repouso, dimensões de calhas, caixas de passagem, chutes, etc.) e a seleção de materiais (materiais resistentes ao desgaste, baixo coeficiente de atrito, etc.) são cruciais. Muitas vezes, os testes em escala de laboratório não são suficientes para um projeto adequado das instalações. Os testes em escala piloto, quando viáveis, fornecem dados importantes para a avaliação detalhada das características do processo em desenvolvimento e para o projeto das instalações de forma mais precisa (SILVA; SOUZA, 2015).

Possivelmente, um dos elementos mais desafiadores na elaboração de uma instalação ou circuito de beneficiamento utilizando a umidade natural está relacionado à manipulação e fluxo de materiais. São evidentes os impactos da variação dos teores de umidade tanto em etapas do processo, como o peneiramento (obstrução de telas, aderência de partículas finas, redução de capacidade, etc.), quanto no fluxo dos materiais (obstruções, bloqueios, redução de velocidade, formação de zonas inativas, etc.) e na geração de poeira (SILVA; SOUZA, 2015).

A determinação dos limites de umidade para cada etapa do processo, assim como o projeto das instalações (ângulos de repouso, dimensões de calhas, caixas de passagem, chutes, etc.) e a escolha de materiais (materiais resistentes ao desgaste, baixo coeficiente de atrito, etc.) são elementos cruciais. Frequentemente, os testes em escala de laboratório não são suficientes para garantir um projeto adequado das instalações. Os testes em escala piloto, quando viáveis, fornecem dados relevantes para a avaliação detalhada das características do processo em desenvolvimento e para o projeto das instalações de forma mais precisa (SILVA; SOUZA, 2015).

Sustentabilidade Ambiental na Mineração a Seco

A preservação do meio ambiente na mineração a seco está se tornando uma abordagem cada vez mais importante e promissora para mitigar os efeitos prejudiciais da indústria extrativa. Ao comparar os benefícios ambientais da mineração a seco com a mineração convencional, podemos identificar diversas vantagens significativas em relação ao uso de água, energia, geração de resíduos sólidos e emissões de gases de efeito estufa (NASCIMENTO et al., 2020).

Um dos principais benefícios da mineração a seco é a diminuição do uso de água. A mineração convencional demanda grandes quantidades de água para várias etapas do processo, como a lavagem e separação de minerais. Essa alta demanda hídrica pode levar à escassez de água em regiões onde os recursos já são limitados. Em contraste, a mineração a seco emprega tecnologias e métodos que reduzem ou eliminam a necessidade de água, aliviando a pressão sobre os recursos hídricos e contribuindo para a preservação dos ecossistemas aquáticos locais (SILVA; SOUZA, 2015).

Outra vantagem significativa é a redução do consumo de energia na mineração a seco. Nas operações tradicionais, processos como britagem, moagem e separação de minerais consomem quantidades consideráveis de energia. No entanto, a adoção de tecnologias avançadas e métodos inovadores na mineração a seco permite a utilização de processos mais eficientes, resultando em menor consumo energético global. Isso não apenas reduz os custos operacionais, mas também contribui para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa, uma vez que a energia geralmente é proveniente de fontes não renováveis (NASCIMENTO et al., 2020). O fluxograma 1 apresenta as principais vantagens do beneficiamento a seco. 

Fluxograma 1 — As vantagens do beneficiamento à seco
As vantagens do beneficiamento à seco
Adaptado Nascimento et al. (2020).

Um ponto crucial da sustentabilidade ambiental na mineração é a redução da produção de resíduos sólidos e rejeitos. Na mineração convencional, a separação dos minerais é frequentemente feita utilizando água, o que resulta na formação de rejeitos e lamas. Esses resíduos podem conter substâncias tóxicas e contaminantes, representando um risco significativo para o meio ambiente e a saúde humana. Por outro lado, na mineração a seco, há uma considerável diminuição na produção de resíduos, uma vez que a separação de minerais não requer o uso de água. Isso resulta em uma operação mais limpa, com impacto ambiental reduzido e menor necessidade de instalações para armazenamento e tratamento de rejeitos (SUPPA, 2019).

Além disso, a mineração a seco contribui para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa. Na mineração tradicional, as emissões significativas ocorrem principalmente devido ao consumo de energia proveniente de fontes não renováveis. Ao reduzir o consumo energético, a mineração a seco ajuda a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, colaborando para o combate às mudanças climáticas e a preservação do equilíbrio climático global (NASCIMENTO et al., 2020). A figura 2 representa os benefícios do processamento a seco. 

Figura 2 — Benefícios do processamento sem utilização de água
Benefícios do processamento sem utilização de água
Nascimento et al. (2020).

No entanto, é importante ressaltar que a aplicação da mineração a seco pode ser limitada em certos casos e para certos tipos de minerais. Alguns minérios podem exigir a utilização de água em processos de concentração e separação específicos. Além disso, a implementação da mineração a seco requer investimentos significativos em tecnologias e equipamentos especializados, bem como a adaptação das operações existentes, o que pode representar um desafio para algumas empresas (SILVA; SOUZA, 2015).

A busca pela sustentabilidade ambiental na mineração a seco apresenta uma abordagem mais responsável e ecologicamente adequada para a indústria extrativa. A redução do consumo de água, energia e a minimização dos resíduos sólidos e emissões de gases de efeito estufa são benefícios que contribuem significativamente para a preservação dos recursos naturais, a proteção dos ecossistemas e a mitigação das mudanças climáticas. Apesar dos desafios existentes na implementação da mineração a seco, seu potencial para aprimorar a sustentabilidade da indústria mineral a torna uma alternativa promissora para garantir um futuro mais sustentável (SUPPA, 2019; NASCIMENTO et al., 2020; SILVA; SOUZA, 2015).

Redução de Impactos Ambientais na Mineração a Seco

A mineração tradicional é conhecida por causar diversos impactos ambientais significativos que podem comprometer a sustentabilidade dos ecossistemas e comunidades locais. Entre esses impactos, destacam-se a degradação do solo, a contaminação de corpos d'água, a perda de biodiversidade, a emissão de gases de efeito estufa e a geração de resíduos sólidos e rejeitos tóxicos (NASCIMENTO et al., 2020).

No entanto, a adoção da mineração a seco tem se mostrado uma abordagem cada vez mais relevante e promissora para reduzir esses impactos negativos. Ao comparar os benefícios ambientais da mineração a seco com a mineração tradicional, podemos observar uma série de vantagens significativas  (NASCIMENTO et al., 2020). Isso traz vários benefícios em comparação com os métodos tradicionais de mineração que requerem a utilização intensiva de água. Abaixo o quadro 6 apresenta alguns dos benefícios da mineração a seco:

Quadro 6 — Benefícios da Mineração a Seco
Benefícios da Mineração a SecoDescrição
Conservação de recursos hídricosA mineração a seco reduz a necessidade de utilizar grandes volumes de água, preservando esse recurso essencial para outros usos e o meio ambiente.
Menos impacto ambientalA diminuição do uso de água ajuda a evitar a contaminação de rios e aquíferos com resíduos e produtos químicos utilizados na extração mineral.
Redução de rejeitos sólidosMenos água utilizada significa menos lama e rejeitos gerados, diminuindo a quantidade de material descartado e seus impactos negativos.
Economia de energiaA separação a seco pode demandar menos energia do que os métodos úmidos, reduzindo o consumo e os custos operacionais da mineração.
Menos necessidade de barragensA mineração a seco pode diminuir a necessidade de construção de barragens para conter os rejeitos, evitando riscos associados a falhas estruturais.
Redução de conflitos pelo uso da águaEm áreas com escassez de água, a mineração a seco pode reduzir conflitos com outras atividades humanas que também dependem desses recursos.
Melhor recuperação de áreas degradadasA menor geração de rejeitos e a redução do impacto ambiental facilitam a recuperação de áreas mineradas após o encerramento das operações.
Aumento da eficiência operacionalCom menos preocupações relacionadas à disponibilidade de água, os processos de mineração podem ser mais estáveis e previsíveis.
O autor (2023).

Um dos principais benefícios da mineração a seco é a redução do consumo de água. A mineração tradicional requer enormes volumes de água para diversas etapas do processo, como a lavagem e separação de minerais. Essa demanda hídrica excessiva pode levar à escassez de água em áreas onde os recursos já são limitados. Em contraste, a mineração a seco adota tecnologias e métodos que minimizam ou eliminam a necessidade de água, aliviando assim a pressão sobre os recursos hídricos e contribuindo para a conservação dos ecossistemas aquáticos locais (MINÉRIOS & MINERALES, 2019; IBRAM, 2016).

Além da redução do consumo de água, a mineração a seco também contribui para a redução do consumo de energia. Na mineração tradicional, processos como britagem, moagem e separação de minerais consomem quantidades consideráveis de energia. No entanto, a adoção de tecnologias avançadas na mineração a seco permite a utilização de processos mais eficientes, reduzindo assim o consumo energético global. Isso não apenas reduz os custos operacionais, mas também contribui para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa, uma vez que a energia utilizada pode ser proveniente de fontes renováveis  (NASCIMENTO et al., 2020).

Outro aspecto crítico da sustentabilidade ambiental na mineração a seco é a minimização da geração de resíduos sólidos e rejeitos. Na mineração tradicional, a separação dos minerais geralmente é realizada utilizando água, resultando na formação de rejeitos e lamas que podem conter substâncias tóxicas e contaminantes. Esses resíduos representam um risco significativo para o meio ambiente e a saúde humana. Por outro lado, a mineração a seco reduz consideravelmente a geração de resíduos, uma vez que a separação de minerais não requer o uso de água. Isso resulta em uma operação mais limpa, com menor impacto ambiental e menor necessidade de instalações de armazenamento e tratamento de rejeitos (MINERAÇÃO & SUSTENTABILIDADE, 2021).

Além dos benefícios mencionados, a adoção da mineração a seco também pode trazer vantagens para a recuperação de áreas degradadas. Ao reduzir os impactos ambientais associados à mineração tradicional, a mineração a seco proporciona uma base mais sólida para a reabilitação e recuperação das áreas impactadas. A redução do consumo de água e a minimização da contaminação contribuem para uma recuperação mais eficaz e sustentável, permitindo que essas áreas voltem a desempenhar suas funções ecológicas (MINERAÇÃO & SUSTENTABILIDADE, 2021).

Estudos de casos e evidências concretas sustentam os benefícios da mineração a seco na redução dos impactos ambientais. Exemplos práticos demonstram a eficácia das tecnologias e práticas adotadas na mineração a seco, destacando a redução do consumo de água, energia e a minimização da geração de resíduos sólidos e rejeitos tóxicos  (NASCIMENTO et al., 2020).

A adoção da mineração a seco oferece uma abordagem mais responsável e ecologicamente correta para a indústria extrativa. A redução do consumo de água, energia e a minimização dos resíduos sólidos e emissões de gases de efeito estufa contribuem para a preservação dos recursos naturais, a proteção dos ecossistemas e a mitigação das mudanças climáticas. Além disso, a mineração a seco também proporciona uma base sólida para a recuperação de áreas degradadas, promovendo a restauração dos ecossistemas afetados. Embora existam desafios na implementação da mineração a seco, seu potencial para melhorar a sustentabilidade da indústria mineral a torna uma alternativa promissora para garantir um futuro mais sustentável  (NASCIMENTO et al., 2020).





Conclusão

A mineração desempenha um papel crucial na extração de recursos minerais, fornecendo matérias-primas essenciais para diversas indústrias. No entanto, historicamente, essa atividade tem sido associada a impactos ambientais significativos, como a degradação do solo, a contaminação de recursos hídricos, a perda de biodiversidade e a emissão de gases de efeito estufa. Diante desses desafios, a abordagem da mineração a seco surge como uma alternativa promissora para mitigar esses impactos, promovendo maior eficiência operacional, sustentabilidade e redução dos impactos ambientais (IBRAM, 2016; SUPPA, 2019) .

A mineração a seco é uma prática que busca reduzir ou eliminar o consumo de água durante o processo de extração e beneficiamento de minérios. Ao contrário da mineração convencional, que depende de grandes volumes de água para etapas como a lavagem e separação de minerais, a mineração a seco emprega tecnologias e métodos que aproveitam a própria umidade presente no minério bruto, dispensando a necessidade de adição de água em grande quantidade. Essa abordagem tem sido adotada como uma resposta aos impactos ambientais e sociais causados por desastres em barragens de rejeitos, como os casos de Mariana e Brumadinho no Brasil.

Uma das principais vantagens da mineração a seco é a redução do consumo de água. A mineração convencional requer grandes quantidades de água, o que pode levar à escassez desse recurso em regiões onde ele já é limitado. Ao adotar a mineração a seco, é possível aliviar a pressão sobre os recursos hídricos e contribuir para a preservação dos ecossistemas aquáticos locais.

Além da redução do consumo de água, a mineração a seco também apresenta benefícios em termos de eficiência operacional. A eliminação da necessidade de armazenamento e transporte de grandes volumes de água resulta em economia de energia e redução de custos associados (NASCIMENTO et al., 2020). A ausência de água também elimina os riscos de vazamentos, infiltrações e contaminação dos recursos hídricos, reduzindo a necessidade de medidas de mitigação ambiental (SUPPA, 2019).

Outro benefício importante da mineração a seco é a redução da contaminação do solo e da água (MINERAÇÃO & SUSTENTABILIDADE, 2021). Ao evitar o uso de água nos processos de beneficiamento, são evitadas as possíveis contaminações por substâncias químicas utilizadas nesses processos. Isso contribui para a preservação dos ecossistemas locais e a proteção da biodiversidade.

A mineração a seco também contribui para a redução da geração de resíduos sólidos e rejeitos. Na mineração convencional, a separação dos minerais é frequentemente feita utilizando água, o que resulta na formação de rejeitos e lamas. Esses resíduos podem conter substâncias tóxicas e contaminantes, representando um risco significativo para o meio ambiente e a saúde humana. Por outro lado, na mineração a seco, há uma considerável diminuição na produção de resíduos, uma vez que a separação de minerais não requer o uso de água. Isso resulta em uma operação mais limpa, com impacto ambiental reduzido e menor necessidade de instalações para armazenamento e tratamento de rejeitos (IBRAM, 2016).

Adotar a mineração a seco não está isento de desafios. Um dos principais obstáculos é o custo mais elevado em comparação ao processamento convencional, que utiliza água. Isso ocorre devido à necessidade de procedimentos adicionais, como britagem e moagem do minério, que demandam mais tempo e energia elétrica. No entanto, pesquisas indicam que, a longo prazo, os benefícios operacionais, ambientais e sociais podem compensar esses custos adicionais  (SCHENEIDER et al., 2023).

A mineração a seco oferece uma série de vantagens e benefícios ambientais significativos. Além da redução do consumo de água, ela contribui para a preservação dos recursos hídricos, a redução do consumo de energia, a minimização da contaminação do solo e da água, a redução da geração de resíduos sólidos e rejeitos, e a mitigação das emissões de gases de efeito estufa (NASCIMENTO et al., 2020). Embora existam desafios econômicos e operacionais a serem superados, a crescente conscientização sobre sustentabilidade e a demanda por práticas mais eficientes impulsionam a adoção da mineração a seco como uma alternativa viável e vantajosa para a indústria mineral (SILVA; SOUZA, 2015; SUPPA, 2019; IBRAM, 2016).

A transição para uma mineração mais sustentável requer a colaboração entre governos, empresas e sociedade civil. A implementação de boas práticas de gestão ambiental, o investimento em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias mais eficientes, e a promoção da responsabilidade social corporativa são fundamentais para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades oferecidas pela mineração a seco. Ao promover a adoção de tecnologias mais limpas e sustentáveis, é possível garantir a preservação dos recursos naturais e a proteção dos ecossistemas para as futuras gerações (NASCIMENTO et al., 2020).

Em conclusão, a mineração a seco representa uma abordagem promissora para reduzir os impactos ambientais e promover a sustentabilidade na indústria minerária. Suas vantagens incluem a redução do consumo de água, a melhoria da eficiência operacional, a diminuição da contaminação do solo e da água, a redução da geração de resíduos sólidos e rejeitos, e a mitigação das emissões de gases de efeito estufa. Embora existam desafios a serem superados, a conscientização sobre a importância da sustentabilidade impulsiona a adoção da mineração a seco como uma alternativa viável e economicamente vantajosa para a indústria mineral. A transição para uma mineração mais sustentável requer a colaboração de diversos atores e a implementação de práticas responsáveis e inovadoras.

Referências

CavalliniMartaMais cara, mineração a seco é alternativa a barragens, apontam especialistas. 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/02/01/mais-cara-mineracao-a-seco-e-alternativa-a-barragens-apontam-especialistas-entenda.ghtml. Acesso em: 16 ago. 2023.

Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM)Gestão e Manejo de Rejeitos da MineraçãoInstituto Brasileiro de Mineração. 2016128 p. Disponível em: https://ibram.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Gestao-e-Manejo-de-Rejeitos-da-Mineracao-2016.pdf. Acesso em: 26 jun. 2023.

lacerdaIrajáO QUE A MINERAÇÃO REPRESENTA PARA A ECONOMIA BRASILEIRAAMIG. Disponível em: https://www.amig.org.br/noticias/o-que-a-mineracao-representa-para-a-economia-brasileira#:~:text=A%20ind%C3%BAstria%20mineral%20contribui%20de,US%24%207%2C4%20bilh%C3%B5es.. Acesso em: 18 jul. 2023.

Mineração & SustentabilidadeMINERAÇÃO SEM BARRAGENS: um caminho sem voltaRevista Mineração. 202152 p. Disponível em: https://revistamineracao.com.br/2021/03/10/edicao-36/. Acesso em: 28 jun. 2023.

Minérios & MineralesMineradoras já trabalham com empilhamento a secoRevista Minérios. 201936 p. Disponível em: https://revistaminerios.com.br/wp/wp-content/uploads/2020/07/MM399_final_18Mar.pdf. Acesso em: 27 jun. 2023.

NascimentoJuliana Cristina Silva do et alMineração através do beneficiamento à seco em canaã dos Carajás-Pa: alternativa para a barragem de rejeitos. 202013 p. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/18652. Acesso em: 30 mai. 2023.

SchneiderClaudio L. et alBeneficiamento de minérios8 p. Disponível em: https://www.abc.org.br/IMG/pdf/doc-7006.pdf. Acesso em: 2 jun. 2023.

SILVAE.C; SouzaA.S.DESAFIOS DO PROCESSAMENTO EM UMIDADE NATURAL/ROTAS DE MÍNIMO CONSUMO DE ÁGUA . 20159 p. Disponível em: https://www.artigos.entmme.org/download/2015/economia_mineral/SILVA,%20E.C._SOUZA,%20A.S.%20-%20DESAFIOS%20DO%20PROCESSAMENTO%20EM%20UMIDADE%20NATURAL%20ROTAS%20DE%20M%C3%8DNIMO%20CONSUMO%20DE%20%C3%81GUA.pdf. Acesso em: 16 ago. 2023.

SUPPABárbara GontijoALTERNATIVA DE DISPOSIÇÃO A SECO DE REJEITO DE MINÉRIO DE FERRO: UM ESTUDO DE CASO. Belo Horizonte, 2019 Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Engenharia de Minas)Universidade Federal de Minas Gerais.

Trabalhos mais lidos